sábado, 18 de junho de 2011

Nem sei como cumece



"Eu vou contar uma histora que eu não sei como cumece”

Patativa é para todos os momentos! Pois é, nem sei por onde começar...
Antes de sair de São Paulo coloquei como meta para o Palco Giratório o ato de escrever todos os dias, coisa que aos trancos e barrancos consegui fazer , deixando escapar apenas um dia ou outro , quando participei dessa mesma saga giratória com o Ventoforte , em 2008. Aí me pergunto: como eu consegui? É tanto que vi, ouvi, que troco, que sinto, é tanto mar, é tanto chão, é tanto de um tanto que não se finda... e ainda assim parece que nunca basta! Como estar grávida de algo que não se sabe bem o que é! Ebulição!

No Pensamento Giratório, no Rio de Janeiro, o professor citou um outro poeta que dizia que a poesia era como ouriço, que ela te transpassa, te machuca, te incomoda por qualquer lugar que você tente pegá-la! No momento quase descordei pensando: “Também conforta!” Mas eu estava enganada; até o conforto é ânsia!. É um me encontrar lá no fundo, quietinha no meu canto. E desde que deixamos nosso porto-paulista tem sido assim. Tenho sido cutucada ora pelo sol intenso , pelo sal desses mares azuis na pele (como consegue ser tão azul e tão verde ao mesmo tempo?) ora pelas pedras deslumbrantes da estrada de Quixadá, pelo Dragão do Mar, pelo pôr do sol em João Pessoa, pelos barquinhos de São Salvador ...

Mas, além de todas essas visagens se plantarem dentro de mim sou atravessada pelas pessoas que se achegam com suas histórias , com seus cantares! Como um encontro fortuito nos Arcos da Lapa que foi desembocar em Salvador na oralidade de Zé Poleiro, através do gesto carinhoso de Arthur. Como numa tarde vagarosa em João Pessoa em que tivemos o privilégio de dividir a mesa, os sambas, a cerveja, os cocos de raiz com o lindo senhor que responde por Baixinho. Ouvimos seu pandeiro e seu poderoso cantar do alto de seus cabelos brancos. Ajuntou gente, mais pandeiros, mais violão, grupo Lavoura, Teatrália e outros encantados!

Como não se emocionar ao ouvir Bule Bule(Salvador) e Franklin Maxado (Feira de Santana) com seus cordéis ou não ter vontade profunda de voltar a estudar depois de presenciar o professor Rubens Pereira falar sobre a linguagem e a poesia!
É tanta gente, é tanta arte , são tantas Anas, Danis, Zés, Raimundos, Nocas ... é tanto de um tanto que nem sei...se eu for citar tudo ou todas as pessoas que me geminaram até agora seria ingrata com alguém ou pelo esquecimento de nome, ou pelo modo raso de falar de tanta profundidade.

Hoje o núcleo durante o Pensamento Giratório em Feira de Santana foi desafio. Que desafio bão! Bom dimai!!!
Nem de longe consegui expressar tudo o que desejo mas enfim... é só um começo!

por Karen Menatti