sábado, 24 de setembro de 2011

 

Quixeramobim,CE, 03/2011
da Ponte Metálica
























Um homem limpa os peixes.
Pé na água... fresca...suja. Um.
Cabeça mais funda que as areias barrentas.
Ainda não me vê. No instante seguinte irá me notar e sorrir.
Chinelos azuis. Quatro.
Muitos caminhos, talvez!
Cabelos, roupa, dia ... ensolarados.
Fio amolado atravessa os corações.
Dois!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

foto de Alécio Cezar, Praia da Joaquina, Floripa, SC


Ao amigos!


Mãos dadas...
Confortam num porto seguro: vai!
Te seguro,te liberto...caminho-te!

Mãos do enlace ou mãos do "não"!

O diretor Ilo Krugli , Teatro Ventoforte, sempre , vez ou outra nos lembrava uma história sua, ou melhor de sua mãe. Quando lhe perguntavam se acreditava em Deus, ela dizia:
"- Deus é a minha mão!As minhas mãos!", e mostrava as mãos espalmadas,os dedos abertos...Mãos do trabalho, que contróem o dia-a-dia e a possibilidade de um convívio melhor! Que é à partir de um ato prático e contínuo que se estabelece uma real mudança!

Sempre me emocionei com as mãos dadas! É como uma espécie de concretização de um ato amoroso:
 -Vem, que estou aqui!
Durante essa semana, senti isso na pele! A ajuda de uma grande amigo que impossibilitou um desfecho pior! As mãos e a alma estavam ali, abertas e prontas! Mas nem sempre é assim. Nessa mesma noite, depois dele me descer dois lances de escadas no colo e me colocar aos pés da porta de entrada do prédio e sair correndo em busca de socorro, ao encontrar um táxi , se deparou com a seguinte situação: " - Por favor, eu preciso ir para o HC! Ela está passando muito mal!" ,e apontou em minha direção. O taxista mais do que depressa levantou os braços num gesto de repulsa e disse que não me levaria no carro dele, como que evitando a aproximação com uma pessoa em estado grave de saúde, evitando sei lá o quê,"surpresas" ou mudança de sua zona de conforto! Meu amigo só o dissuadiu da ídeia de não me levar quando anotou a placa de seu carro e o ameçou processar por omissão de socorro! Não bastasse esse fato, abusando do estado de nervos em que ele se encontrava, o taxista deu o troco errado ao meu amigo no final da corrida, ficando com alguns reais a mais em sua carteira, talvez como uma espécie de " taxa extra "por carregar alguém naquele estado "fronteiríço"(não o psiquiátrico mas o do enlace!) em seu  veículo!
É...parece mentira! Mas essa é apenas uma das muitas histórias de pessoas, como esse taxista, que preferem lavar as mãos diante de um fato decisivo! 

Mas também é um grande salve a quem faz do mundo um lugar pra se andar de mãos dadas!!!!
Salve!!!!!

Drummond, em seu poema "Mãos dadas"
  
    Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
20/09/11

quinta-feira, 1 de setembro de 2011


As coisas sempre me caíram.
Quando criança era um cachinho que vez por outra escapava sobre a testa ou os pensamentos curiosos que se estatelavam pelo chão.
Agora me caem as palavras. Sobre mim e minh´alma ( juntas, eu e alma, escoamos pelos pés! )Também caem amores! Amores e palavras são os mais comuns!
Palavras que caem numa estrada empoeirada e crescem, depois das chuvas, recostadas a um pé de milho meio torto. Palavras que soam nas palmas de minhas mãos numa porta amadeirada desejando mudar os rumos.
Já os amores...Se pudesse deixaria que os amores voassem!  Que depois de murchos e cansados pudessem alçar voos mirando uma fazenda de algodão. ( Não deixar que os amores caiam sobre a terra!) Ou caso inevitável, que surgisse dali, como mágica , um sutil girassol!
Um amor-palavra!

(no avião, MS-SP,2010)