Shi ...shi ...shi ...shiplatft.
Gota.
Corria desenfreada pelas ruas. Tudo embaralhado. Ladeiras bambas em alta velocidade. Subia, doída. Cortou por becos, daqueles de entrada proibida, de passagem marcada a duras penas. Atravessou ofegante, sem pensar: talvez porque seu cérebro chacoalhava, talvez porque havia sangue em seu corpo, talvez porque havia se esquecido de pensar há muito e voltar não era fácil.
Vrum... vrum ...vrum
O vento nos ouvidos fazia cócegas! Lembrou da época em que sua mãe... Não. Não lembrou.
Desviou de alguns gatos no caminho. Um deles era rajado de amarelo e branco. Olhos verdes. Esse,o de olhos verdes, acompanhou seus movimento trôpegos, passo a passo, impassível! Por um instante seus olhos se encontraram: os verdes dele, os verdes dela. Ah!
Vazio.
Shi..shi..shiplaft.
Go-o-o-ta!
Faltava pouco para o topo. Mais uma escadinha improvisada, torta. Escorregou. -Ai! Levantou.
–Ai!Vai... tá chegando, pensou. Pensou não, lembrou. Não, não lembrou. Correu.
Shi...shiplat.
Gota vermelha.
Chegou.
Parou.
Olhou, ofegante a vista do alto.O mar!Ah...o mar!
...
O mar...
Ah...
...
O sol deitando-se suavemente no mar...
Vrum...vrumvrumvrum...Vrumm.
O vento nos ouvidos fazia cócegas! Olhou e olhou durante algum tempo.
Ah...
Olhou ao redor, estavam todos ali: a igreja imponente, a culpa, o medo, a decisão.
-Ai!
Shiplaft ...shiplaaaft...shiplaftshiplaftshiplatshiplaftshiplaft.
O chão embaixo dela avermelhou . O céu no horizonte avermelhou. De suas entranhas a chegada da noite se fez vermelha.
Vento.Ventre.Vermelho.
-Preci-so dei-tar, pensou. Não, não pensou.Caiu!
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