E hoje durante a tarde ela disse: "Eu estava tão feliz nesse dia!". E foi sem pensar, as palavras apenas pularam de sua boca. Olhou para aquela tela pequena que estava em cima da mesa. Não havia ninguém no ambiente , alguém havia deixado a gravação ali. Ela ouviu aquelas vozes familiares e parou para ver.E lembrou-se de tudo, como num filme clichê:
A lua amarela naquela noite tão quente e tão distante de casa, a ponte de madeira e mais que tudo , aquela sensação. Meu Deus! Como foi bom sentir... Dentro dela era a paz, era toda a felicidade explodindo! Apenas três anos se passaram mas parecia realmente que via uma gravação feita há milênios. Talvez fosse outra pessoa. Não, era ela mesma. Cabelos mais compridos e sorriso mais largo! Daqueles que vem , assim...sem querer... Agora o que era largo era o número de seu manequim, que havia aumentado consideravelmente e também a lista de homens que haviam passado pelo seu corpo.Sempre em busca daquela sensação.Nunca mais teve.
E olhando aquela imagem constatou que a vida havia passado num piscar de olhos como sua avó sempre dizia. E sentiu-se velha. Sua juventude em seu ápice havia realmente passado. E não mais voltaria. Todos sabem disso. Mas agora era com ela. Ela viu e soube. Alguém ouviu quando disse que estava tão feliz nesse dia, nessa época!, emendou.
- " Não diga isso. Você não está feliz agora?", perguntou a outra mulher.
E ela se deu conta que não. Aquela alegria do encontro de amor? Ela nunca mais sentiu. Só agora ela percebia que , de fato, algo havia se quebrado. Por fora e por dentro. Teve a nítida sensação de que seu tempo havia passado!
- "É... assim como eu estava, não. Os motivos, sabe...." E começou a chorar. Assim, sem perceber ,assim como as palavras também!
-" Eu estou transbordando!", pensou.
E a outra mulher a abraçou. E a compreendeu.