quinta-feira, 28 de junho de 2012

segunda-feira, 25 de junho de 2012





Vivo num lugar em que sou muitos. Entre o desejo e a dureza moro no cinza do centro da minha cidade:é lá que me cabe o sentir(meu concreto impermeável não sabe das lidas do carinho!).
Lá,só se sabe do amor na beleza da flor amarela, dessas que dão em qualquer lugar, dessas que insistem em nascer nas paisagens que não são suas.Quase desapercebida! E é preciso respirar tão profundamente pra acessar seu perfume...e é preciso tão larga imaginação pra acessar sua textura....que é bela porque é imaculada!
Vivo num lugar em que sou muitos. E entre tantos outros, entre tantos tantos, desconfio que também moro na amarelada flor.Assim...improvável!

sábado, 23 de junho de 2012

quinta-feira, 14 de junho de 2012


Hoje,no começo da tarde, passando em frente ao MASP, vejo um amontoado de pessoas lendo o seguinte banner:" Atenção! O fim do mundo está próximo! São Paulo será destruída num terremoto em 20/12/2012." Sei.
Continuo minha caminhada pela Paulista sob o céu de outono. Rapazes voando em seus skates, pessoas falando em seus celulares, meninos tentando roubar os celulares dessas pessoas...
Já na calçada do Center 3 encontro Jack Sparrow empunhando sua espada a troco de moedas. A espada está apontada pra um garoto, que tem os olhos vidrados e sorriso largo. Ao lado de Jack, vejo um senhor pintado da cabeça aos pés, de várias cores, batendo continência ao som do Hino Nacional Brasileiro. "- Eu não gostava dessa música quando era criança!" gritava. O sol dá aos dois o mesmo tom alaranjado! Parado no trânsito (sim, o trânsito!) um homem escuta "Miles Davis", os olhos distantes...
Ao meu lado, lentamente passa um carrinheiro com seus três cachorros fiéis e sujos. Ele diz que estou bonita. Fico feliz, continuo só.
Alguém passa e pergunta as horas, ignorando o imenso relógio no meio da avenida. Alguém passa e pergunta onde é a Pamplona, ignorando meu estado febril. Nesse momento, Jack abraça duas garotas. Tiram fotos. Da janela de um ônibus alguém atira uma moeda pra ele. Dia de sorte.
Clinicas, Sumaré, Perdizes. E agora do ônibus, observo a cidade refletida no vidro. E então...aquele barulho típico: acidente! O velho atropelado está caído no meio da Alfonso Bovero. O jovem piloto da Vespa está estirado embaixo do ônibus que estou, mais precisamente embaixo de mim. Eles se levantam...Nada demais: o rapaz ganhou um machucado no joelho;o velho perdeu as tiras dos chinelos.
Uma criança ri. Tem nas mãos uma flor.
Tenho a impressão, vendo essa tarde na minha cidade, que o tal do fim do mundo nunca esteve tão distante!

quarta-feira, 13 de junho de 2012



Alma é palavra bonita!
Quando falada, vem de fora pra dentro. Tem que ser engolida.
Quando escrita, ela tem degrau. Delicadamente te eleva! 

quinta-feira, 7 de junho de 2012


Lá fora chovia
Cá dentro secava
A medida da gota era a medida do pó

Queria chamar-se Cecília
Queria chamar-se João
A medida do não era a medida do pó

Lá fora molhava
Cá dentro moía
A medida da dor era a medida do pó

Queria quentar Cecília
Queria querer João
A medida do ventre era a medida do pó